terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

De modo que nunca se compreendeu ao certo... (Clarice Lispector)

“Mas eu sou uma chata que parece viver com medo de dizer as coisas claramente. Isso me lembra um personagem de Proust que era tão delicado, mas tão delicado, que para agradecer uma garrafa de caixas de vinho que recebera em presente em vez de agradecer simplesmente – achava mais “fino” falar em garrafas, ou falar de um modo geral de “vizinhos simpáticos” (fora um vizinho que lhe dera o presente) – de modo que o tal vizinho nunca entendeu que estavam agradecendo o vinho...

(Carta de Clarice Lispector para Tania Kaufmann. Berna, 05-10-1948 do livro: Correspondências Clarice Lispector, organizado por Teresa Montero, Ed. Rocco, p. 178)

9 comentários:

  1. para quê ir a direito se a viagem pelos atalhos é sempre mais bela? :)

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  2. Dizer as coisas claramente... Isso me é um mistério.

    Calo por medo, falo por pavor.

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  3. A castração origina-se, precisamente, da precariedade da linguagem...

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  4. Conheço pessoas assim. Ao invés de simplismente agradecer, acham mais elegante conversar...Lindo fragmento da Clarice.

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  5. Associação livre?
    enrolacao mesmo...rs

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